terça-feira, 17 de agosto de 2010

Chapéu

"Moço!", o garotinho vinha correndo pela rua.

Parei no meio da Avenida Rio Branco. O moço era eu.

"Que foi?"

"O senhor deixou cair o seu chapéu."

"Não é meu."

"É seu, sim. O senhor deixou cair. Tome."

"Eu não uso chapéu."

O garoto olhou então para mim e eu nunca esqueci o que vi naquele olhar.

Vi ódio. Muito ódio, antes de ele se virar e ir embora segurando o chapéu.

Já tem quinze anos que isso aconteceu.