quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Bala de tamarindo

Quando recebi uma mensagem infectada, abri, de tão sozinho que estava. Antes um vírus do que nada.

Deixei que descobrissem minhas senhas, meus segredos, minha intimidade. Sentia que, enquanto navegava, alguém vigiava meus passos. E assim me sentia menos sozinho.

Agora acabei de colocar na boca a bala de tamarindo que comprei da velhinha que fica lá embaixo.

A bala me fere a língua. Fere todo o céu da boca, até sangrar. Quando termino uma, coloco outra na boca ferida. Depois outra. E outra.

A minha bala é a única que tem esse gosto de sangue.