Assoou
o nariz e ficou olhando. Havia sangue no lenço.
Escondeu
no fundo do bolso o pano ensanguentado, com medo de que alguém percebesse.
Precisava
sair da multidão. Precisava sair antes que fosse tarde demais.
Foi
então empurrando as pessoas que simulavam felicidade, que falavam alto, que
riam e cheiravam a álcool e agiam como crianças mimadas e irritantes, até
chegar à escada que levava ao segundo andar.
Quando
escorregou no piso molhado, teve a certeza de que não conseguiria.
Mas
alguém lhe segurou o braço, impedindo a queda. Alguém lhe perguntou se estava
tudo bem. Alguém olhou para ele e viu.
“Ei,
você está sangrando.”
Era
tarde demais. Ele tentou se desvencilhar. Tentou a escada. Mas era mesmo tarde
demais.
Faltou
tão pouco.
O
candidato seguinte já estava em posição. Esperava apenas o nariz começar a
sangrar.