sexta-feira, 25 de julho de 2014

Além



“Despedidas são sempre dolorosas.”

Estava falando sozinho. Lá fora, o mundo confirmava que, como ela, poderia muito bem passar sem ele.

Com o cano apoiado na cabeça, ele puxou o gatilho e caiu logo depois.

A cara metida na poça do próprio sangue.

Quando se levantou, estava tudo embaçado. Foi até a janela, e as ruas estavam vazias.

Foi até a rua, e ele mesmo estava vazio. Andou de um lado para o outro, afugentando moscas que o perseguiam. Pisou sem querer em cocô de cachorro. Na banca de jornal, todas as publicações vinham em branco. Entrou numa lan house vazia. Não havia conexão.

Por toda parte, era possível ouvir o saxofone do Kenny G.