segunda-feira, 28 de julho de 2014

Moradores



Ela nunca saía de casa.

Às vezes alguém via o rosto pálido na janela do segundo andar. Mas não havia curiosidade suficiente para querer saber mais da mulher lá dentro.

A vida era muito curta para se preocupar com gente louca.

Quando invadi a casa, era criança. Entrei pelos fundos. Me esgueirei pelos cômodos empoeirados como um rato.

A casa estava velha, suja e entregue à própria sorte.

O segundo andar não era diferente. A casa cheirava mal. Da porta do quarto vi a mulher sentada.

Então descobri que ela não era a única morando ali.

Tentei fugir, mas era tarde demais.

Que pena.

Eu nunca mais saí daqui.

A vida é muito longa para esperar passar.