“Jefferson,
estou ouvindo umas batidas no sótão.”
Jefferson
foi olhar. Ele não havia escutado nada, mas poderia haver ratos lá em cima.
Acabaram de se mudar, ele e Lidiane, nunca se sabe. Não custava nada ir ver.
Acendeu
a luz e subiu os degraus que levavam ao pequeno compartimento entre o teto e o
telhado. No meio das caixas que trouxeram, encontrou um grande baú.
Tinha
certeza de que aquele baú não era seu. Nem de Lidiane.
Destrancou
o baú e abriu. Havia um menino lá dentro. Um menino muito magro e pálido, com
um olhar vazio. Mas estava vivo, e não demonstrou surpresa quando Jefferson o
resgatou.
Quando
Lidiane viu o menino levou um susto, mas se encantou. Quis adotá-lo. Jefferson
não achou uma boa ideia, mas sempre fazia as vontades dela.
O
menino custou a falar, mas acabou explicando que estava brincando de esconder
com o irmão e entrara ali. Não conseguira mais sair.
“Mas
isso tem quanto tempo?”, perguntou Jefferson. “Essa casa estava vazia há pelo
menos vinte anos. Foi o que disse o corretor.”
O
menino não respondeu.
*
Cuidaram
da criança. Levaram ao médico, trataram, deram amor.