“Esta
é a minha casa. Entre.”
Ela
entrou e o acompanhou pela sala. O cheiro quente de sangue a encheu de náusea,
enquanto ele seguia no meio de partes decepadas de pessoas, pernas, braços,
cabeças com os olhos ainda abertos, que se espalhavam desorganizados no chão e
sobre os móveis.
“A
casa é grande”, ele prosseguiu. “Lá pra dentro tem cozinha, um banheiro e mais
dois quartos. Eu fiz um porão lá embaixo, pra poder trabalhar sossegado. Mas
este você não precisará limpar.”
Sentiu
que a pressão baixava. As moscas em torno dos pedaços de carne morta zumbiam
tão alto que quase abafavam a voz dele. Então ela respirou fundo e olhou para
cima, esperando com isso evitar um desmaio.
“O
salário é bom”, ele falou, sorrindo. “Só peço um pouco de discrição. Você
aceita o serviço?”
A
pressão começava a voltar ao normal. Ela olhou ao redor e viu que a porta ainda
estava aberta. Então respirou fundo novamente e aceitou o emprego.