sexta-feira, 22 de agosto de 2014

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“Esta é a minha casa. Entre.”

Ela entrou e o acompanhou pela sala. O cheiro quente de sangue a encheu de náusea, enquanto ele seguia no meio de partes decepadas de pessoas, pernas, braços, cabeças com os olhos ainda abertos, que se espalhavam desorganizados no chão e sobre os móveis.

“A casa é grande”, ele prosseguiu. “Lá pra dentro tem cozinha, um banheiro e mais dois quartos. Eu fiz um porão lá embaixo, pra poder trabalhar sossegado. Mas este você não precisará limpar.”

Sentiu que a pressão baixava. As moscas em torno dos pedaços de carne morta zumbiam tão alto que quase abafavam a voz dele. Então ela respirou fundo e olhou para cima, esperando com isso evitar um desmaio.

“O salário é bom”, ele falou, sorrindo. “Só peço um pouco de discrição. Você aceita o serviço?”

A pressão começava a voltar ao normal. Ela olhou ao redor e viu que a porta ainda estava aberta. Então respirou fundo novamente e aceitou o emprego.