O menino
escreveu num pedaço de papel o nome da professora que o havia repreendido. Antes
de dormir, pôs o pedaço de papel numa fenda que ele descobrira na parede, no
porão de sua casa, e foi se deitar.
No dia seguinte a notícia: a
professora havia sido atropelada no caminho para o trabalho. Falecera antes de
chegar ao hospital.
O menino, então, escreveu em outro
pedaço de papel o nome do colega que o perseguia na escola. Como fizera com o
anterior, colocou este pedaço de papel na mesma fenda na parede antes de
dormir.
Atacado por um cachorro na manhã
seguinte, também o colega não resistiu.
Embriagado, assim, pelo poder de
matar seus desafetos, nem percebeu o menino que os bilhetes foram se
desdobrando, até saírem da fenda e caírem, abertos, no chão.
*
Quando a professora retornou, no
meio da noite, para uma aula particular em seu quarto, o menino achou que ela
agora falava de forma vagarosa. Também achou que ela cheirava a coisa morta.
Alguns instantes depois, também o
colega viria entrar em seu quarto. Só que, desta vez, com brincadeiras mais cruéis.